O jardineiro é a melhor metáfora para designar a excelência do educador e do terapeuta. O bom jardineiro prepara um solo fértil, com os nutrientes necessários - nem de mais, nem de menos -, extermina as pragas e poda, com o discernimento que cada planta requer, observando as estações e centrado na singularidade do organismo vegetal. Sobretudo, o bom jardineiro é o amigo da planta. Jamais será tão tolo a ponto de querer doutriná-la com suas teorias e ideais, aceitando e admirando a beleza da biodiversidade. O bom jardineiro sabe que a planta só necessita de um solo fecundo, crescendo por si mesma, já que é dotada de um tropismo para ser o que é, buscando o que necessita no solo e direcionando-se para a luz do sol. O que seria de um cravo se forçado a ser como um girassol?
Cada aprendiz necessita ser respeitado na sua alteridade e no seu estilo próprio de aprender a aprender. Numa escola saudável, o educador centra-se no aprendiz - e não num programa rígido, massificador e castrador do brilho e da originalidade que emanam de cada pessoa. "Utopia!",
esbravejarão alguns. Permito-me lembrar-lhes, então, que utopia não é o irrealizável; é tão-somente o ainda não realizado, aquilo para o qual ainda não existe espaço.
É tempo de educar educadores. É tempo de ousar resgatar o espaço sagrado onde o aprendiz possa orientar seu coração para aprender, sobretudo, a ser plenamente o que ele é. É tempo de conspirar por uma educação não-normótica, centrada na totalidade. É tempo de reconstruir o templo da inteireza.
Roberto Crema é Psicólogo e antropólogo do Colégio Internacional dos Terapeutas, analista transacional didata, criador do enfoque da Síntese Transacional. Mentor da Formação Holística de Base da UNIPAZ. Diretor da Holos Brasil. Educador e autor de vários livros, entre os quais "Análise
Transacional Centrada nas Pessoas", "Introdução à visão holística" e "Saúde e plenitude". Vice-reitor da UNIPAZ.
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